SONHO DE MENINO

              UM SONHO DE MENINO                                                     
                                         PRIMIRA PARTE
  
                                            CAPITULO I

           Eu Conheci um Garoto, que vivia assobiando bem feliz, por onde andava ou cruzava, seu sorriso contagiava todas as pessoas a sua volta, ele tinha um dom natural de ser simpático, os seus pais estudaram com muito carinho na hora que escolher um nome para o Garoto entre tantos escolheram, simplesmente “ Lauro”, na época de colégio, seus colegas para zoar dele dizia que seu nome era muito feio.
       -- Ele rebatia tirando humor da situação, respondendo:
       -- Seus invejosos:
       -- Lauro quer dizer:
       -- L: de Lindo
       -- A: de Amado
       -- U: de único
       -- R: de Romântico
       -- O: de Original
       -- Eles se davam pôr vencidos e saiam rindo do Garoto.
          Este Garoto adorava tudo o que fazia, para ele não tinha nada ruim, estava sempre disposto aprender, adorava desafios, ele tinha como sonho ser motorista de caminhão, sua vontade era tanta de aprender a dirigir, que, com doze anos de idade ele aprendeu a dirigir um trator do seu tio.   
         Seu Pai era proprietário de um caminhão e viajava para algumas cidades do estado do Rio Grande do Sul, fazendo entrega de tijolos para as grandes madeireiras ou algumas construções de edifícios da Cidade.
         A profissão de seu pai lhe encantava pela emoção de estar e conhecer diversos lugares em um único dia.
         Quase sempre ao meio dia seu pai ia para casa almoçar e deixava o caminhão na esquina da rua de sua casa, e a tarde depois do almoço encostava o mesmo nos fornos, para carregarem de tijolos.
         Em um destes dias, na anciã de aprender logo o oficio da profissão, o garoto pegou o caminhão de seu Pai escondido para fazer algumas manobras e encostou o mesmo até a boca do forno para os operários carregarem o mesmo.
         Quando o seu Pai descobriu, quis passar o laço no Garoto, mas o Sr. Luis, chefe da Olaria, se postou a frente do mesmo e não deixou que o Pai bate-se no filho.
     -- Ele disse rebatendo a fúria do Pai do Garoto:
     -- Fui eu que pedi para seu filho manobrar para nós o caminhão, não é justo que venha bater nele, olha ele está dirigindo muito bem e é cuidadoso, de uma oportunidade a ele e em vez de bater, ensina mais a profissão ao Garoto.    
          O Garoto ficou emocionado e no mesmo tempo orgulhoso do chefe da Olaria pôr defende-lo, este lhe era muito amigo, senão era uma surra na certa, seu pai era muito bravo.
          Ninguém pegava seu caminhão, ele tinha um zelo, pois tratava seu caminhão, como se o próprio fosse parte de sua família, pois ele era um profissional muito cuidadoso, competente, responsável, direção defensiva era prioridade número um quando ele saía com seu caminhão, não importava a distancia que percorria.
          Depois deste fato, sempre que seu Pai poderia levá-lo em algumas viagens, lá estava o garoto bem feliz, assim ele foi pegando mais experiência em dirigir o caminhão de seu Pai.
           Mas a vida é cheia de surpresas, o garoto já tinha feito quatorze anos, um dia seu Pai ficou doente e para sua recuperação ele tinha que ficar em repouso absoluto, passou uma semana, um mês, três meses, e nada de seu pai se restabelecer, ele não podendo mais trabalhar, pôr esta situação, foi faltando comida em casa e dinheiro para as despesas médicas, as coisas ficaram muito difíceis para sua Família.
           Depois do domingo de páscoa, o Pai do Garoto chamou o mesmo na cabeceira da cama e fez um pedido.
        -- Meu filho, eu não posso sair daqui desta cama e trabalhar para tirar o sustento de minha família, estou muito doente, estou com problema de próstata e outras complicações de coração, isto é demorada a cura, mas eu confio em você, fala com o SR. Luis, chefe da Olaria e acerta com ele para buscar lenha no mato com o caminhão para os fornos, assim entra dinheiro para o nosso sustento.
            O Garoto foi bem feliz, falou com o Sr. Luis sobre o assunto, este tratou logo de arrumar as viagens de lenha para os fornos da Olaria.
             Ele estudava de manhã e carregava lenha de tarde, às vezes entrava noite adentro, mas ele executava sempre feliz o seu trabalho.
            O tratamento da doença do seu Pai durou cerca de dois anos, até que um dia o médico lhe deu alta.
             Ele chamou o filho ao seu lado e deu um abraço bem forte, agradecendo o mesmo pela ajuda, e pediu desculpa emocionado pôr um dia querer bater nele pôr querer aprender a dirigir.
             Como um bom filho que sempre foi, abraçou seu Pai beijando.
          -- dizendo ao mesmo:
          -- Pai eu não fiz mais do que minha obrigação, quantas vezes o Senhor não saiu tarde da noite para levar eu ao médico, esta foi a minha hora de agradecer e ajudar o senhor, e estarei sempre a sua disposição para quando precisar é só pedir.
          -- Logo em Seguida desta conversa com seu Pai o Garoto saiu bem feliz assobiando para jogar uma pelada com seus amigos, com uma sensação de dever cumprido.
             Entre uma coisa aqui, outra ali, o tempo passou de uma maneira muito rápida, que quando o Garoto percebeu, já estava com dezoitos anos de idade.
            A vida nem sempre é como se sonha, pelo menos de imediato, mas o Garoto estava na flor da idade, ele tinha muito tempo pela frente para realizar todos seus sonhos e projetos de vida.
            O Garoto Lauro, com dezoitos anos, os compromissos e a responsabilidade não demorou a chegar, para ele ter algum dinheiro para seu sustento, o mesmo foi ser jogador de futebol, era um bom zagueiro nas peladas da Vila onde ele morava, O amigo Everaldo que jogava no Grêmio Porto-alegrense, deu uma ajuda, “padrinhando” Lauro conseguiu passar nos testes do Cruzeiro futebol Clube de Porto Alegre.
            Jogou em diversas equipes da primeira divisão na época com codinome de Gaúcho, precisamente no decorrer dos anos setenta, entre eles o Hercílio Luz e Figueirense de Florianópolis, Palmeiras de Blumenau, sua passagem pelo Palmeiras foi marcada por muitos problemas médicos, seus joelhos estavam todos estourados pelas pauladas de seus adversários, que não lhe davam moleza.
           Terminou seu contrato de empréstimo no Palmeiras, ele esteve que voltar novamente para seu clube, Cruzeiro que até então era dono de seu passe.
           No Cruzeiro futebol clube, ele conheceu um jogador que fazia parte do Grupo, de nome Saraiva e conhecido pelo codinome Bagé, era muito querido por todos os seus adversários, pela maneira inteligente de jogar, era um bom zagueiro, muito valente e corajoso, suas jogadas eram firmes e limpas, sua média de falta era praticamente zero em todos os campeonatos.
           Não se sabe como, mas ele superou um defeito físico nos seus pés, não deixando que eles atrapalhassem seu sonho, que era ser jogar de futebol, o amigo Bagé era um espelho de superação de vida para qualquer ser Humano, só quem o conhecia bem para saber que seus pés eram deformados de nascença, às chuteiras disfarçavam perfeitamente este seu problema físico.
           Bagé e o Gaúcho fizeram muitas histórias no futebol Gaúcho nunca ganharam um título, mas incomodavam bastante os dois melhores times da capital, Grêmio e Internacional.
           Chegou a um determinado momento, que Lauro não pode mais jogar futebol pelos problemas de seus joelhos, não saía mais do departamento médico do clube.
           Mas quando se tem um sonho na cabeça, um obstáculo na vida, só dá mais força para se seguir em frente, ele se transforma em um trampolim, é um empurrão para dizer que a vida continua.
           É nesta hora que se faz uma reflexão, e juntar forças para mudar de profissão, estas experiências do passado de Lauro ficaram para trás e guardadas no fundo do coração, no arquivo das saudades, para com o tempo recordarem com carinho em alguns encontros do futuro com os amigos.
           Assim que terminou o contrato com o Cruzeiro de Porto Alegre, o garoto Lauro foi buscar outro meio de ganhar a vida, buscando melhores salários.
            Deixou os amigos de futebol para trás e se aventurou em corridas de carros, além da adrenalina que a emoção despertava já era o começo de seu sonho, quando garoto.
            Carro de corrida não era um caminhão, mas sim o inicio de seu sonho de ser motorista de caminhão.
            Lauro participou de vários campeonatos da stock - Car e alguns Ralis no estado do Rio Grande do Sul, para treinar agilidades e reflexos.
           Mas nunca chegou ao primeiro lugar, apenas conquistando o segundo em algumas corridas.
            O dono da equipe era um grande empresário do ramo de transporte de ônibus, vendo que Lauro jamais chegaria um dia ganhar uma corrida, o mesmo fez um convite para ele trabalhar de Motorista em sua empresa de ônibus da capital.
           Ele não pensou duas vezes, abandonou o campeonato de corrida no meio da temporada e foi trabalhar na profissão dos seus sonhos.
           Para Lauro quando a chefia pedia para ele fazer uma viagem, nem que fosse perto, ele estava sempre pronto, ia sempre assobiando e feliz.
           Nesta mesma empresa tinha um departamento de turismo, não demorou em ele estar trabalhando neste setor da empresa.
           Ele mesmo, enquanto se manteve em outras profissões, tirou vários cursos, direção defensiva e legislação de transito e outros, sempre pensando que um dia teria a certeza que iria tornar realidade seu sonho, isto o ajudou na seleção dos candidatos para dirigir o melhor e o mais bonito ônibus leito de turismo da empresa. “Carroceria Nilson, modelo Diplomata, trucado, porta no meio, um luxo na época”.
            Pela espontaneidade e alegria de Lauro, que estava sempre pronto para qualquer desafio, isto dava confiança ao chefe para pedir a ele fazer todas as viagens longas, principalmente quando esta tinha bastantes pessoas de idade, ele dizia que ele não precisava abrir a boca, era só sorrir que os passageiros já estavam conquistados, isto o deixava todo vaidoso.
             Nesta empresa de turismo Lauro teve as melhores oportunidades de conhecer e tirar todas as experiências desta fantástica e brilhante profissão de motorista, ele aproveitou todos os momentos para fazer grandes amizades em viagens, à cada canto deste Brasil, por onde ele passava sempre ficava marcado na mente de muitas pessoas seu sorriso, seu carisma, sua alegria.     
             Lauro nesta época conheceu vários pontos turísticos do Brasil, muitos ficaram para trás, esperando outra oportunidade para se visitar novamente, mas sempre tem um lugar que marca fundo pela sua beleza que nem que passe anos, o destino se coloca na frente e faz uma maneira de retornar para vê-la novamente seja como motorista ou outro tipo de trabalho.
              Um dos lugares fantástico que ele ficou fascinado pela sua beleza natural, foram os lençóis Maranhenses, ali seguramente tem a Mão de Deus, tamanha a energia que emana o lugar. 
             Outros lugares ele cita aqui pôr exemplo, que ele teve a oportunidade de conhecer, chapada dos Guimarães, Diamantina, as Arquiteturas da cidade de Ouro Preto, Vila Velha e inúmeras cidades e praias de Sul a Norte do nosso país, mas o que mais lhe encantou e é muito apaixonado até tempos de hoje, é à cidade maravilhosa de Rio de Janeiro, pela beleza geográfica, com seus morros e praias lindas, um verdadeiro presente da natureza para o povo carioca e nós Brasileiros.
   Lauro através de sua profissão também teve a oportunidade de conhecer outros países como pôr exemplo, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Peru, Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai e se deliciar com diversas culturas diferentes que estes países visinhos ao nosso lhe proporcionou, muitas destas viagens duravam noventas dias, mas para o Lauro isto não tinha muita importância, ele estava realizando aquilo que gostava, cada viagem era uma amizade nova ou um amigo que ele fazia durante seu trabalho.

           “À cada viagem nova ele sentia cada vez mais fascinação pela profissão, pelos conhecimentos e experiências de vida que a mesma lhe trazia à cada momento de sua vida”.


                   UM SONHO DE MENINO
                        SEGUNDA PARTE
                                         CAPITOLO II

           Muita aventura Lauro passou nestas suas viagens de Motorista de ônibus de Turismo, umas delas ele passa a narrar neste momento, à minha pessoa, “Eu me chamo Abbade”, fui seu colega de escola, estudamos a segunda série juntos, este foi nosso primeiro encontro depois de anos, quando estávamos hospedados no Hotel dos viajantes na cidade de Bogotá Colômbia.

          “Assim Lauro começa a me contar detalhes de sua viagem com um Grupo do Sul, Porto Alegre”.
          -- Eu e mais o colega Anselmo, motorista já mais experiente em viagens longas e a Guia de turismo Ana Elisa para lhes auxiliarem durante a viagem, fomos designados para levar-mos um Grupo de pessoas de meia idade para conhecer à América do Sul, com saída de Porto Alegre, RS, dia 21 de Abril de 1978, feriado de Tiradentes.
          Depois de visitar-mos diversas cidades no nosso Brasil, entre elas quero destacar São Luis pela sua beleza, capital do estado do Maranhão onde o Grupo conheceu uns dos mais lindos cartões postais, praia do Forte e a ruas de Prédios antigos, que fizeram nossos passageiros viajarem no passado e resgatar um pouco de nossa colonização.
          Exatamente no dia 05 de maio depois do café da manhã, seguimos nosso roteiro de viagem que era levar o Grupo para conhecer América do Sul, nos dirigimos por uma rua estreita onde nos levava até a Balsa na cidade de Bela Vista capital de Roraima, onde a mesma nos largava do outro lado no País da Venezuela, para embarcar nosso ônibus na Balsa perdemos horas em espera.
         Bela Vista é umas das Cidades importantes de Fronteira, ela é umas das principais portas de entrada para se conhecer os paises de idiomas espanhóis pelo norte do Brasil.
                                    
         Nós estávamos cruzando a selva Amazônica, mas já do lado da selva Venezuelana, rumo a capital de Caracas com este Grupo de turista da cidade de Porto Alegre, RS.  
         Pois eles estavam bastante cansados, a travessia por balsa foi muito desgastante, muitos passageiros estavam nervosos pela demora, o rio estava muito cheio, a correnteza arrastava a balsa rio a baixo não se deram mal graças a experiências dos operadores da balsa. 
           Nesta viagem para completar o dia nosso, os guerrilheiros que eram contra o governo da Venezuela estavam em pé de guerra, interceptarão o nosso ônibus em plena selva Venezuelana.
           Fizeram todos os passageiros descerem, sacaram tudo o que podiam de dentro do ônibus, entre eles câmaras fotográficas e filmadoras, e logo em seguida pediram para eu seguir eles por uma estrada estreita secundaria, até os acampamentos deles.
          Para nós seguir-mos viagem rumo à capital Caracas, precisava da autorização do chefe do grupo de guerrilheiros.
          Que no momento não se encontrava entre eles no acampamento, nós teríamos que esperar o mesmo retornar de um determinado lugar que não ficamos sabendo de onde e nem queríamos saber também, nossas tensões era muito grande naquele momento.
           Ficamos dentro do ônibus durante muitos dias, mas fomos muito bem tratados, tanto na alimentação, quanto na higiene pessoal.
           Durante estes dias na qual estivemos detidos pelos guerrilheiros, chegaram outros ônibus e alguns Caminhões e automóveis, tinha-se guerrilheiros armados pôr todos os lados.
          Para dormirmos nós tínhamos que se virar como podíamos dentro do ônibus, à selva era muito perigoso durante a noite pelos seus amimais selvagens e insetos noturnos.

         “Lauro ao contar a mim esta aventura, os pelos de seus braços, arrepiavam-se, realmente foi um horror danado, que até me contagiou me arrepiando também só de imaginar”,

          Foi um momento de muita tensão ali preso pelos guerrilheiros, Eu e meu colega Anselmo e a Guia Ana Elisa fomos naquele momento, Médicos, Psicólogos, pai, mãe, em fim de tudo um pouco, que no momento nos ocorria para deixar o Grupo mais unido e tranqüilo, os nervos estavam à flor da pele.
         Até então não se sabia o que poderia acontecer, estava-mos nas mãos dos guerrilheiros e o que foi mais doloroso para nós da tripulação, era que nós também estávamos apavorados por dentro e no mesmo tempo tínhamos que nos manter-mos muito calmos e serenos, não poderíamos deixar os passageiros perceberem isto, imagina, nós éramos à força de todos ali, naquele momento dos passageiros.
           A Guia Ana Elisa, distraia os passageiros com jogadas de bingos e outro jogos, para passar o tempo, mas isto não era suficiente para manter os passageiros calmos.
           Há cada movimento diferente no acampamento era motivo para chamar nossa atenção, tamanha era nossa ansiedade para sair logo daquele lugar, além de úmido pela natureza da Selva, era muita sombra, dava a impressão que o dia estava sempre feio com nuvens pronto para chuva. “Sinistro”.                       
           Nossa, dei graças a Deus que fui chamado à barraca do líder no sábado de manhã, o mesmo me recebeu sorridente, pediu desculpa pelo transtorno que nos ocasionou e disse que era preciso, era uma forma de chamar a atenção de seu governo para suas lutas de reforma na política do país, e agradeceu pela paciência do grupo.
         O depois chamou um membro do grupo de guerrilha e deu a ordem para o mesmo pegar alguns homens e escoltar o nosso ônibus até perto de Caracas de camburão, Ele queria ter a certeza que chegaríamos bem ao destino sem qualquer tipo de problemas durante o nosso trajeto.
         Eu cheguei ao ônibus todos me esperavam ansiosos, para saber o que o chefe tinha me dito.
         -- Dei uma suspirada funda para pegar fôlego e dei as boas novas aos passageiros, enquanto eles se abraçavam eufóricos felizes, Eu pedi para o seu Anselmo ligar o motor do ônibus, assim que nós estávamos prontos, eu fiz um sinal para a escolta, este mandou nós sair-mos e seguir viagem rumo a Caracas.
          Eu estava com tanta vontade de sair dali daquele lugar que assim que entrei na Rodovia principal que me levava a cidade de Caracas, apertei o acelerador fundo, que o Camburão da escolta ficava para trás, sem condições de me acompanhar, Eu olhava no retrovisor e só enxergava uma nuvem de fumaça que ficava pelo caminho, me vinguei um pouco daqueles pobres coitados, subordinado ao chefe da Guerrilha, chegou a um determinado ponto que não mais avistei a viatura da escolta no retrovisor.
            Os passageiros coitados não saberiam mais para qual santo rezarem, para esta viagem terminar bem, assim que tive a certeza que os subordinados do líder da guerrilha abandonaram a escolta do ônibus, Eu rodei mais uns vinte kilometros e parei no primeiro posto de serviço da Rodovia.
           Todos os passageiros abraçaram-se emocionados, por estarem livres e vivos, depois de se recomporem, eu passei a direção para o Anselmo este nos levou para o Hotel da qual tínhamos já feitos as reservas bem no centro de Caracas para todos descansarem desta aventura.
           Depois de todos descansados, no outro dia depois de um saboroso café da manhã, já com outro espírito, a Guia Ana Elisa pegou um Guia local.
           Aí sim fomos conhecer alguns pontos turísticos de Caracas, entre eles, à igreja matriz, esta estava na primeira lista de nosso passeio.
          Muitas pessoas do Grupo não queriam mais sair de dentro da igreja agradecendo a Deus e todos os santos pela ajuda recebida.
          Depois de visitar-mos vários pontos turísticos de Caracas o que mais deixou o Grupo feliz foi à visita que fizemos ao local de assistência dos mutilados da Guerrilha interna, onde puderam dar um carinho e um pouco de calor humano aquelas pessoas, ali tinham meninos e meninas, muitos órfãos e muitas famílias vitimas da guerrilha, um ajudando o outro na dura realidade da vida, realmente deixou todos do grupo emocionados.
          Mas a viagem tinha que continuar com o nosso Grupo de Turistas, afinal, todos já estavam ansiosos para conhecerem outros lugares e outros países da América do Sul e nossa tarefa era levá-los, com um propósito de fazê-los felizes.
          Com o imprevisto do acontecido na Selva Venezuelana, atrasou um pouco nosso roteiro e as programações de viagem.

          No dia 15 de maio Eu e meus colegas viemos com o Grupo para a cidade de Bogotá Colômbia.
          Seguimos por umas estradas estreitas, cada curva era um perigo a espera de um motorista desatento, os passageiros se deliciaram com lindos Vales e montanhas que tinham ao longo do caminho que nos trazia até esta cidade de Bogotá.

           “Onde eu Abbade estive o prazer de ficar hospedado no Hotel dos Viajantes com esta pessoa tão ilustre “Lauro” amigo de infância de escola agora na profissão de motorista”.

          “Meu amigo Lauro me prometeu que quando nos encontrar-mos não importa aonde, qual cidade, ele vai me contar o final desta viagem cheia de aventuras pela América do Sul, com este Grupo de turistas do Rio Grande do Sul”.
              
           Esta história é verídica e foi contado pelo amigo de infância Lauro na cidade de Bogotá Colômbia em 18 de maio de 1978 em nosso primeiro encontro.

               UM SONHO DE MENINO 
                              TERCEIRA PARTE
                                    CAPITULO III

           Eu retornei ao Brasil dois dias depois, meu amigo Lauro seguiu a turnê com seus turistas Brasileiros pela a América do Sul.
           Um belo dia do mês de outubro de 1984, eu estava na Bahia, BR. Visitando o Pelourinho e o Elevador Lacerda que eleva os turistas da cidade baixa para a alta e outros lugares encantadores da cidade de Salvador.
          Depois de um dia escaldante por conta do sol Baiano ao retornar para o hotel estava eu com muita sede, entrei a um Bar da esquina perto do Hotel da qual eu estava hospedado para tomar uma água mineral.
           Procurei uma mesa onde eu poderia olhar um pouco de televisão para me distrair um pouco, puxei uma cadeira sentei e explanei o mapa turístico da cidade de Salvador em cima da mesma, eu queria visitar novos pontos no dia seguinte e queria me orientar através do mapa.
          Quando senti uma leve tapa no ombro esquerdo e um som de uma voz dizendo, Olá meu amigo Abbade tu necessitas de um bom guia turístico como eu pôr exemplo, se não tu vais se perder nesta cidade linda de Salvador.
           Levantei os olhos para olhar quem era o dono daquela voz, para qual minha surpresa, o meu amigo Lauro.
           Alegria foi total nesta hora, nos abraçamos emocionados.

          “Lauro dissera: eu não te falei que um dia eu iria te encontrar novamente para te contar como foi nossa viagem de excursão pela América do Sul em 1978, aqui estou amigo”.
         “Por um acaso aqui estou com outro Grupo de turistas do sul para conhecer o Nordeste, deixei os mesmo no Hotel depois de uma visita as praias de Salvador, amanhã levarei os mesmos ao Elevador Lacerda”.
           Eu terminei de tomar minha água mineral, fiz o convite ao amigo Lauro para irmos até o Hotel na qual eu estava hospedado, porque lá se podia conversar mais a vontade e ele me narrar com mais detalhes como foi mais uma parte de sua turnê pela América do Sul, com aqueles turistas de Porto Alegre, RS. 
          E assim que chegamos ao apartamento do Hotel, este tinha uma mesinha, mas só tinha uma cadeira, ofereci a mesma ao meu amigo e peguei o criado mudo para eu sentar.
          Abri o frigo-bar e peguei uma cerveja bem gelada para nós dois saboreamos, enquanto o meu amigo narrava sua história.
                
          Sabes amigo Abbade, na cidade de Bogotá ocorreu um fato com uma passageira do nosso Grupo bem curioso, esta cantava e tocava piano muito bem, executavas diversa musicas de tom Jobim, Vinicius de Morais, e alguns sambas de Martinho da vila e outros sambistas do nosso país, que vaziam muitos sucessos pela América do Sul.

           “Isto até me permite fazer um comentário tu sabe que nós Brasileiros não importa de qual região é, se do Sul o do Norte do País, a onde estão em Grupo em um Bar ou Restaurante é sempre alegria e festa, isto já faz parte da cultura de nosso povo”.

          Esta senhora integrante do Grupo se chamava Dalva Ribeiro, ela animava a todos com suas músicas ao Piano, deixando aquele ambiente bem alegre, enquanto alguns ajudavam a cantar, batucando o ritmo com as mãos na mesa, alguns freqüentadores do local, jantavam no Restaurante ao som gostoso de suas melodias e aplaudiam à cada termino de uma música.

          O Prefeito da cidade de Bogotá acabara de sair de um Teatro perto das mediações, ele se dirigia até o estacionamento onde estava guardado seu carro, estava passando com sua esposa em frente ao restaurante da qual Dalva estava cantando e tocando, o som da sua linda voz chamou atenção dos dois, ficaram escutando por alguns minutos ao termino da execução de um samba do Martinho da Vila, aplaudiram a mesma e foram ao seu encontro.

         “Dizendo meus parabéns, muito linda a sua voz e muito bem executada as melodias no piano na qual estamos encantadíssimo”.

         “Eu sou o Prefeito da cidade de Bogotá e nós queremos lhes fazer um pedido, amanhã é o aniversário de quinze anos de nossa única filha, eu particularmente não tinha nada em mente para lhe dar de presente além da festa, escutando você me ocorreu uma idéia de fazer um convite a você e seus amigos para irem amanhã a noite animar a festinha dela, claro se poderem, certamente vai ser o melhor presente que um pai possa dar para uma filha, ela vai ficar muito feliz e nós também muito agradecido a vocês”.

           E como o Grupo estava ali para conhecer a cidade e se divertir, eles combinaram e entraram em um acordo com a Guia Ana Elisa e aceitaram o convite do prefeito.
           Este mandou uma pessoa de sua confiança para buscar o Grupo na hora marcada para levá-los até sua residência, quando chegamos os equipamentos de som na qual a nossa artista do Grupo iria cantar já estava todos montados no palco do barracão de lona que o prefeito mandou fazer para a festa de 15 anos de sua filha.
           Foi uma festa de arromba, onde todos os convidados e a aniversariante brincaram em uma dança envolvente a noite toda ao som de piano e da voz de Dalva Ribeiro.
           O Prefeito e sua família em especial a sua filha ficaram muito agradecidos pela animação da festa, que até deram presentes para o Grupo, mandou buscar umas caixas de vinhos de sua produção e deu uma caixa para cada membro do Grupo e deu para a nossa Artista cinco mil dólares pela animação da festa.
           Esta muito carinhosa e solidária com seus parceiros do Grupo dividiu com todos por partes iguais.
           A fama de Dalva Ribeiro e o Grupo foram de boca em boca pelos convidados do Prefeito, que não foi fácil sairmos da cidade de Bogotá, aonde tinha uma festa eles queriam que a Dalva Ribeiro e o Grupo animassem os convidados, ficamos uma semana na cidade, nossos bolsos estavam cheios de dólares americanos, quando nos despedimos para seguir nossa turnê, foi uma luta, eles não queriam que nós seguíssemos viagem.
          Muitos ficaram com o numero do telefone de Dalva Ribeiro, para futuros contatos de compromissos na Cidade de Bogotá.

          Depois da cidade de Bogotá Colômbia, nós fomos para a cidade de Quito Equador, ficamos cincos dias visitando a cidade, conhecemos um dos mais importantes portos da América do Sul, o portal de entrada dos povos africanos na época da escravatura, hoje é uma Marina encantadora que embeleza o lugar, fazendo o povo esquecer as maldades dos coronéis do passado, também conhecemos lindas Praias, em fim todos os pontos turísticos que Quito poderia nos oferecer.
         Depois fomos para Lima, capital do Peru, chegando perto da cidade eu ouvi um barulho na traseira do Ônibus, parei no acostamento da rodovia e fui verificar, abri a tampa traseira da proteção do motor, era as correias que tinham partidos, não sei como, mas um Urubu entrou por baixo do motor e foi parar nas correias partindo as mesmas.
          Enquanto a Guia Ana Elisa distraia o Grupo com jogadas de bingos, valendo uma janta no restaurante do hotel em Lima.
          Coloquei o macacão de mecânico e fui substituir as correias.
          Quando chegamos ao Hotel por negligência do gerente, o mesmo não fez a reserva para nós, estivemos que procurar outro Hotel e não foi fácil, porque não queríamos dividir o grupo.
          Um gerente de outro Hotel muito legal e solidário conosco pela situação criada por um colega seu, ligou para vários Hotéis até que encontrou um para nós que hospedava todo o grupo.
          Quando a Guia Ana Elisa entrou no ônibus para dar à boa noticia ao Grupo, alegria foi geral, porque já estávamos todos cansados.
          No dia seguinte fomos visitar alguns lugares importantes entre outros a casa do governo Peruano.
          Gostamos muito do povo Peruano, foi muito hospitaleiro, ate-nos fez esquecer o imprevisto da chegada à cidade.
          Três dias depois eu segui com o Grupo bem feliz para a Bolívia, a verificação dos documentos dos passageiros nas aduanas Peru e Bolívia foi muito tranqüila e rápida e logo pegamos o caminho para cidade de Lapaz.
          Assim, bem antes de chegarmos à cidade a Guia telefonou para o Hotel da qual foi feitas às reservas, confirmando a nossa chegada para não ocorrer o imprevisto como aquele de Lima.
           Mas sabe meu amigo Lauro nem tudo ocorre como agente planeja no Grupo tinha uma senhora muito querida sempre alegre, feliz, até ajudava às vezes a Guia Ana Elisa fazer as brincadeiras para descontrair os passageiros e suas brincadeiras foram muito boas naquela situação na Selva Venezuelana imposta pelos Guerrilheiros.
           Esta senhora chamada carinhosamente pelas amigas do Grupo de Abuela “Avó em espanhol” sentiu-se mal levamos ela até a um hospital local, lá ela foi submetida a alguns exames e pela gravidade de sua saúde ficou hospitalizada durante vinte quatro horas para tratamento. 

          “Esta viagem foi muito desgastante principalmente a parte física, um dia se esta a nível do mar, em outro dia se esta a três mil metros de altitude, a pressão arterial esta sempre descontrolada”.

          O Grupo ficou um pouco triste visitaram alguns pontos turísticos de Lapaz, mas aquela que sempre estava ali com eles alegrando o Grupo com suas brincadeiras estava ausente.
          Sabe Lauro, a Abuela não conseguiu se recuperar se sua saúde, Eu estive que por ela em um avião e mandar ela para Porto Alegre junto de seus familiares para melhor cuida-la.
          Bem a viagem tinha que prosseguir, todos sem isenções estavam abalados e estava no inicio do mês de junho.
          O Grupo estava com muita vontade de conhecer o Chile por suas belezas naturais vulcânicas e pegar um pouco de neve nas cordilheiras dos Andes pela aproximação do inverno.
          Assim que cruzamos a fronteira Bolívia com Chile já visitamos as montanhas vulcânicas com um guia local.
          Foi uma das mais belas visões da natureza que nós avistamos, eram vulcões jorrando água quente e salgada para cima e muitas saleiras, aquilo tudo branquinho, lindo, com brilho do sol ardiam os olhos da gente, ali conhecemos o misterioso deserto do Atacama.
          Conhecemos uma vila cujas casas eram feitas de blocos de sal, segundo o nosso Guia local, ali nunca chovia, isto justificava por as casas ser de bloco de sal.
            Depois de passarmos alguns dias no norte do Chile seguimos rumo ao centro do país.
            Passamos por Arica, Equique e Copiapó, esta última cidade tinha uma feira livre, uma espécie de Zona franca do Chile, algumas pessoas do Grupo compraram casacos de couros e peles porque eram muito barato.
            Visitamos uma cidade ali, outra lá, à tarde do dia 10 de junho nós chegamos a Los Andes bem no centro do país do Chile, aos pés das cordilheiras mais famosa da América do sul por seus Caracões famosos, hospedamos no Hotel da rua esmeralda bem em frente da praça central da cidade.
             Nós tivemos a sorte de assistirmos um show dos artistas local no palco da praça a noite, foi muito lindo ficamos encantados com os talentos Chilenos.
           Este inverno no Chile prometia ser muito frio, os termômetros já marcavam temperaturas baixíssimas, mostrando que aquele ano o inverno realmente iria ser muito rigoroso, os blocos de neves já se formavam nos topes das montanhas mais altas dando uma visão linda, muitos que estavam no Grupo nunca tinham visto neve de perto com seus próprios olhos.
            Realmente era uma coisa fantástica, uma visão mágica digna de um belo cartão postal.
            Bem Abbade nas montanhas já estava nevando desde o dia 25 de maio, com alguns intervalos de dias bons entre uma nevasca e outra, dia 13 e 14 de junho, a neve caiu muito forte, depois do café da manhã nós fomos de ônibus nas montanhas ver de pertinho a neve e ficamos no vilarejo chamado de Guarda Velha até meio dia, a tarde a Guarda do passo, autorizou nós subirmos com o ônibus até os pés dos Caracóis.  
            Ali neste local a policia do Chile mantinha uma Guarda para controlar o tráfego de veículos nas montanhas, nossa foi a coisa mais linda que vimos em nossas vidas, o Grupo todo virou crianças brincando com flocos de neves.
           Conosco tinha uma senhora dona de uma fazenda na cidade de Alegrete, RS ela ficou tão emocionada e fascinada pela neve que voltou no ônibus pegou uma sacola grande e encheu de neve. 
           
           Mas Abbade é uma pena não poder te contar agora o que esta senhora fazendeira fez com a neve, porque agora tenho que pegar o ônibus e buscar o meu Grupo para levá-los em Olinda, fica aqui do lado de Salvador, mas te prometo que no próximo encontro te contarei os detalhes e o resto de nossa turnê pela América do sul cheia de aventura.

            “Lauro se despediu e foi embora eu fiquei no Hotel buscando energia para sair no dia seguinte para terminar minha visita a capital da Bahia”.
                   
           “Esta segunda parte Lauro narrou a mim em, 03 de outubro de 1984, na cidade de Salvador Bahia, nove anos depois de nosso primeiro encontro na cidade de Bogotá, Colômbia”.


              UM SONHO DE MENINO 
                             QUARTA PARTE
                                 CAPITULO IV  

                                                            
           O inverno no sul estava muito rigoroso, dias muito frio, quase não se poderia fazer nada.
           Eu prestava serviços para uma grande companhia, como surgiu um trabalho para executar em cabo frio, rio de janeiro, não pensei duas vezes, tomei a liberdade de pedir para o chefe para escalar-me nesta tarefa.                                                                                                                                                                                                                                                                          
           Não foi difícil para ele colocar-me neste setor, pois no momento eu era o mais capacitado.
           Três dias depois eu estava em cabo frio RJ. Hospedado no melhor hotel beira mar.
           O dia amanheceu lindo, os raios de sol me deram as boas vindas assim que abri as cortinas do meu apartamento.
           No jardim do hotel estava um sabiá laranjeira cantando sua melodia com toda a sua força, isto me passou uma energia fora do comum, que em três dias terminei o trabalho para qual fui designado a executar, como terminei antes do previsto os dois dias que me restaram fui curtir umas das praias mais linda do estado do rio de janeiro a Praia de Búzios.
           Nesta praia em um destes bares beira mar, tive o prazer de saborear os melhores pastéis de camarão da minha vida.
           Na sexta feira a tarde, liguei ao meu chefe e fiz o comunicado que estava terminado o serviço na mineradora de sal.
           Ele ficou muito contente pelo sucesso do trabalho, que até me mandou seguir executando outras tarefas nos estados do Nordeste, pediu para tomar um ônibus e ir para a cidade de Vitória ES.
           Assim que Chega-se em Vitória, me disse para procurar uma locadora de carros no centro da cidade, nesta teria um carro locado para mim, para melhor deslocar-me para visitar alguns clientes em vitória antes de voltar para o Sul.
           Eu de posse do endereço da locadora, chegando a Cidade fiz o combinado, e saí a fazer o meu trabalho, à noite eu estava descansando no hotel depois de um dia puxado, visitando clientes.
           A noite no restaurante do hotel servia uma feijoada estilo carioca que não dava para perder.
           Nove horas eu estava saindo do apartamento e estava com dificuldade para trancar a porta, a chave não girava na fechadura, eu perdi um tempo envolvido com isto, eu tão entretido não percebi que o vizinho do quarto em frente estava saindo também do seu apartamento, e ao me virar para sair, choquei de frente com ele que cheguei a dar um passo para trás, duas palavras saíram simultaneamente de nossas bocas envolvidas entre gargalhadas.
                       
                 “ABBADE”   “LAURO”

            Não era de se acreditar, só poderia ser destino, que coincidência diz o Lauro para mim, nos abraçamos felizes, trocamos mais algumas palavras e fomos até ao restaurante do hotel, saborear a feijoada carioca. 
            O Lauro contente me disse, você é igual a mim, somos do sul, mas não perdemos uma feijoada carioca.
            Claro amigo qual o brasileiro que não aprecia esta maravilha da culinária carioca, ela pode ser servida em qualquer lugar do Brasil que sempre vai fazer sucesso, seu sabor é fantástico.
           Sabes Abbade já que o destino nos colocou novamente juntos, depois da feijoada eu vou te narrar o final da turnê da América do sul e te contar o que aquela senhora fazendeira fez com a neve que tinha colocado em uma sacola grande de plástico que foi buscar no ônibus.

           Bem depois daquela feijoada dos Deuses, regada com algumas latas de cerveja e um bate papo gratificante, retornamos até o meu apartamento, eu não poderia perder o final desta história, peguei caneta e papel e fui escrever o final da aventura interessante do Lauro pela América do sul, com seu grupo de turista de Porto Alegre.

         -- Lauro, sorridente começou a narrar mais uma parte da Viagem, eu gostaria que ele me narra-se toda, mas seu compromisso não lhe deixava.

             Nossa meu ilustre amigo Abbade, aquela senhora fazendeira de Alegrete ficou tão feliz com aquela neve branquinha, que encheu uma sacola grande e fechou bem, atando bem a boca da mesma.
           Pois ela queria chegar a sua fazenda em Alegrete e mostrar para os peões a prova de sua estada nas cordilheiras dos Andes, ela estava muito feliz para ouvir alguém lhe dizer que a neve iria derreter e virar água com o tempo, eu e meus colegas para não tirar sua alegria, sua imensa felicidade, até o ajudamos, eu coloquei a sacola na porta mala pequeno do ônibus, dentro de uma lata, que às vezes usava para lavar o ônibus por dentro.
          Bem depois de nossa visita na neve, voltamos para o Hotel em Los Andes Chile, descansamos e fomos para a cidade de Santiago no dia seguinte, nos hospedamos perto do centro, cerca da casa da moeda, um ponto turístico muito lindo de Santiago.
          Os dias se mantinham frios, visitamos alguns museus, entre eles Marinha Chilena, a igreja matriz, centro da cidade, fizemos algumas visitas a adegas Chilenas ao redor de Santiago onde saboreamos os mais gostosos vinhos do mundo.
          Quatro dias depois o tempo melhorou e parou de cair neve nas montanhas, as máquinas limparam a neve da rodovia.                                
          Para nós era hora de sair do Chile, aproveitar o bom tempo e a liberação das cordilheiras dos Andes para a cruzada de veículos pequenos e grandes, no Chile só tem três saídas seguras, ou é pelo norte, passo de llama, centro por Mendonza ou sul por Bariloche.  
          Como nosso destino era Buenos Aires Argentina não importava por onde sair, o Grupo escolheu sair por Mendonza e assim conhecer os tão famoso caracóis no lado chileno.
          Cruzamos tranqüilos subimos os caracóis bem devagar para melhor apreciar aquela maravilha da natureza e do Homem, encontramos muitos turistas esquiando nas montanhas, a estrada era somente um trilho entre as montanhas, a neve seguramente alcançava dois metros de altura no acostamento, pois as maquinas chilena limpavam todo o caminho deixando só o trilho da estrada, isto nos dava uma visão deslumbrante do local, bem no alto da montanha vimos os condores bem de pertinho com seus vôos rasantes, planando no ar mostrando suas asas bem abertas chegava dar três metros de envergaduras, aproximadamente.          
              Na localidade de Los Libertadores divisa Chile Argentina, Fizemos as imigrações e cruzamos o túnel Cristo Redentor por debaixo da montanha Aconquagua a mais alta das cordilheiras, quando saí do túnel já do lado Argentino quase não acreditei no que via, o tempo mudou muito rápido, no Chile estava com um sol lindo e no lado Argentino, estava um vento branco infernal deixando a estrada coberta de neve. 
           Confesso que fiquei com medo, pois nunca teria colocado correntes nos pneus, para os passageiros tudo era festa, mas para nós motoristas eram muita dor de cabeça, parei o ônibus perto da guarita da policia Argentina.
           Estavam ali alguns caminhoneiros brasileiros parados, uns colocando correntes, outros não, perguntei a um se poderia me dar uma mão, ele prontamente me ajudou a colocar as correntes, depois limpei a neve de cimas de mim, fiquei todo branquinho, e com muito frio, que foi motivo de gozação do Grupo.          
           Bem amigo Abbade com isto eu criei alma nova, com correntes nos pneus o ônibus não deslizava na neve e assim desci tranqüilo, desviei de muitos carros e caminhões que estavam parados com problemas, esperando ajuda dos policiais argentinos, fui até um ponto que não se encontrava mais neve na estrada e tirei as correntes.
           Todos os hotéis da beira da estrada no meio das Cordilheiras, estavam lotados de turistas esquiando em sua volta, depois de algumas subidas e descida e curvas chegamos a cidade de Uspallata, paramos no posto YPF na entrada da cidade para abastecer o ônibus e aproveitamos e tomamos um chocolate bem quentinho ao ponto, para esquentar nossos corpos, em seguida continuamos a viagem novamente, na saída do posto um policial nos pediu uma carona até Mendonza, como se tratava de uma autoridade argentina não negamos.
            Fomos conversando quando vimos já estávamos na cidade, perguntei ao policial se conhecia o Hotel onde nos iria ficar hospedado, prontamente ele nos largou em frente do mesmo. O policial ficou ali mesmo e a Guia Ana Elisa foi falar com a Gerencia para fazer a organização dos apartamentos para o Grupo.
            No dia seguinte depois do café da manhã, seguimos para Buenos Aires a capital do tango, no trajeto da rodovia Ruta sete passamos por diversas Cidades entre elas São Luis, em Vila Mercedes a neve foi tanta durante a noite que os policiais acharam melhor interromper o transito por algumas horas pelo perigo de acidente na rodovia.
            Chegamos a Buenos Aires já passava da meia noite fomos direto para o Hotel reservado para o Grupo.
            A capital da Argentina, estava fria, mas um frio gostoso que no dia seguinte depois de uma boa descansada a Guia Ana Elisa levou o Grupo para se esquentar nas casas noturnas do bairro do Boca, apreciando um lindo tango ao som de um Bandoneom, executado pôr um Senhor meia idade, nesta casa noturna tinha lindos casais bailarinos marcando o tango no seu ritmo muito felizes.
            Muitos turistas do Grupo até arriscaram alguns passos com alguns bailarinos, e na manhã seguinte fizemos uma visita a casa Rosada do Governo Argentino, alguns museus, o lindo Porto Madero e claro não poderíamos deixar de visitar o Cassino e os estádio do Boca e do River Pleyte, os dois maiores rivais Argentino, antes de irmos embora de Buenos Aires.
            À Guia Ana Elisa presenteou o Grupo e nós Motoristas com os ingressos para assistimos um belo show de Julio Iglesias no Luna Parque.
            Amigo Abbade, eu te confesso que os passeios de Buenos Aires nos deixaram cansados, mas valeu a pena, nunca teríamos vistos lugares tão lindos reunidos na mesma cidade.
             Em 30 de junho pegamos à balsa Buquebus, atravessamos o Rio de La Plata, para Colônia do Sacramento, Uruguai.
            Até tempos de hoje guardo os bilhetes da balsa como lembranças da travessia fantástica, desembarcamos na cidade de Colônia de Livramento e rumamos a capital de Montevideo.
             No caminho paramos em um posto de serviço perto da capital do Uruguai, nesta localidade tinha um santuário da nossa Senhora das Graças, o Grupo todo foi ate o santuário agradecer a santa pela boa viagem e pedir proteção para o Grupo no País, o mesmo sofria uma repressão muito forte dos revolucionários Tupamaros, e aproveitaram e pediram saúde para Abuela que tinha interrompido sua viagem por motivo de saúde.         
            No Uruguai fazia frio também, mas não chovia, isto tornou mais agradável a visita a cidade de Montevideo, até o Grupo gastou mais alguns dólares no cassino Carrasco na Rambla.
            Estivemos que pegar um Guia local para nos levar nos pontos Turísticos e para conhecermos a cidade melhor em segurança, se nós fossemos sozinhos corríamos o risco de entrar em uma rua errada e topar com os Guerrilheiros Tupamaros que estavam praticamente dominando a Cidade de Montevideo.
            O Povo Uruguaio tava passando pôr um momento muito difícil na sua política interna, o país estava muito perigoso para todos, principalmente para turistas, não ficamos muito tempo no país, em dois dias já estávamos na cidade de Porto Alegre.

            Sabes Abbade apesar dos riscos que passamos nesta Viagem, este foi uns dos melhores Grupos de Turistas que transportei em meu ônibus, ficou marcado pelo calor humano entre os integrantes, pelo carinho e o respeito, a capacidade de convivência juntos, uma harmonia que acostumamos só a ter entre nossos Familiares. 
             Eu só tenho que agradecer a Deus pela oportunidade de conhecer e conviver com estas pessoas tão Fantásticas, apesar de que foram poucos mais de três meses, mas ficaram marcadas para o resto de nossas vidas, onde estivermos certamente estaremos lembrando-se destes lindos momentos que passamos juntas.
             E a você Abbade, também eu fico muito agradecido, pelo carinho e amizade, e a paciência de escutar minha história, tu sabes, eu sou mais da prática e não da teoria, esta eu deixo para ti que teve a oportunidade de estudar mais que eu.                   
              “Depois deste nosso último encontro o Lauro contou o final de sua Viagem e seguiu transportando mais Grupos de Turistas pela América e Pelo Brasil, nós tivemos outros encontros depois deste, mas sempre na correria do trabalho, mas ele me prometeu um dia me contar outras Histórias fantásticas”.  

             Está história marcada pôr muitas aventuras pela América do Sul, é verídica, esta última parte Lauro contou a mim, em 22 de outubro de 1990.
Treze anos depois de nosso primeiro encontro na Cidade de Bogotá, Colômbia.

Autor : Lauro Abbade Corrêa