AS ARMADILHAS DO DESTINO l
CAPITULO I
Bem assim começa uma linda viagem pelas armadilhas do destino!
Lauro despertou-se com um barulho quase ensurdecedor, era o verdureiro passando na rua com sua Kombi, anunciando suas frutas e verduras fresquinhas no microfone.
Lauro pensou, lá isto é hora, e logo olhou o relógio, o verdureiro estava no horário certo, ele é que tinha dormido um pouco mais, eram nove horas da manhã.
Olhou em direção a janela e via os raios de sol, brilhando pelas frestas da persiana, como se quisessem lhe acordar e despertar para a vida, pois ele se encontrava um pouco deprimido, se sentindo muito só, embora estivesse sempre rodeado de amigos e pelo seu filho Alexandre, ele sentia muita a falta da esposa Ana Elisa, pois já fazia oito meses que ela tinha falecido.
Levantou-se da cama, abriu bem a janela para entrar os raios daquele sol maravilhoso, colocou a metade do corpo para fora pela janela, para melhor olhar o céu, este estava bem azul, com poucas nuvens, uma tinha o formato de uma mão, como se junto com o sol estivesse insistindo para Lauro sair daquele quarto frio, e como um passo de mágica extraordinariamente funcionou, aquela manhã linda lhe deixou bem disposto, trouxe-lhe um pouco de alegria.
Alexandre vendo à hora um pouco tarde, que já passava muito da que seu pai normalmente levantava, estranhou e bateu na porta do quarto.
- Pai não vai se levantar hoje?
- Filho, o pai já está de pé, estou só arrumando a cama.
- Ainda bem achei que o Senhor iria ficar o dia todo na cama.
Alexandre acabará de dizer estas palavras e Lauro abriu a porta do quarto e lhe disse. Bom dia filho!
Tira o carro da garagem, revise ele pôr favor, pois iremos à cidade passear neste dia tão lindo e avisa tua avó que retornaremos a noite.
Alexandre ficou um pouco surpreso, mas não demorou em fazer o que seu pai lhe tinha pedido, foi alegre fazer as tarefas, pois há muito tempo ele não a via assim, alegre e disposto, e em quinze minutos o carro já estava pronto.
Lauro sugeriu ao filho colocar uma roupa mais leve e esportiva, o dia prometia muita coisa boa.
Eram onze horas da manhã, eles embarcaram no carro e saíram para o seu passeio a Porto Alegre, chegando a mesma o primeiro lugar que visitaram foi o parque Farroupilha, onde alugaram duas bicicletas e saíram a pedalar entre as árvores. Para todos os lados que olhavam se via casais de namorados, mães passeando com seus filhos, algumas pessoas correndo para se exercitarem e outras sentadas nos bancos entre as árvores do parque, lendo ou cuidando o movimento.
O pipoqueiro vendia suas pipocas bem branquinhas e saborosas na volta do lago artificial, toda a vida se desenvolvia ao redor daquele parque.
“Lauro se pós a pensar” nossa como é linda a vida, e como o parque faz parte da vida destas pessoas e até mesmo das nossas que estamos presenciando este momento, ele se emocionou ao ver a beleza de tudo aquilo.
Alexandre ao ver lágrimas em seus olhos perguntou:
- Pai tu estas chorando?
- Não filho adorado, acho que entrou um cisco no olho, por isto as lágrimas.
- Sim acredito!
Eles encostaram as bicicletas em um pé de palmeira e foram brincar na grama entre as árvores, de tanta alegria pareciam duas crianças, que até chamaram a atenção de duas senhoras que estavam passando, e ficaram olhando admiradas para eles sorrindo.
Já cansados de tanto brincar, foram devolver as bicicletas caminhando até o estante de aluguel, pois não tinham mais força para pedalar as mesmas, e após as devoluções, Lauro olhou as horas, passavam das três da tarde e convidou seu filho para almoçar, foram em um restaurante ali por perto do parque mesmo.
O dono do restaurante já estava retirando a comida das cubas, onde são mantidas aquecidas, a mesma era servida em Buffet e a carne era trazida no espeto, estilo rodízio. Lauro lhe falou:
- Oi espera um pouco senhor, não as tira agora, deixa nós almoçarmos primeiro.
O dono vendo que estavam com muita fome, cooperou com eles, e lhes disse:
- Tenho uma picanha no ponto, parece que estava só esperando vocês.
- Bem então não vamos fazê-la ela esperar mais e nos sirva um guaraná grande para regar esta beleza.
- Lauro lhe respondeu bem feliz!
Pegaram os pratos e serviram-se, saborearam aquela picanha deliciosa.
Depois do almoço eles tomaram um sorvete de sobremesa, pagaram, agradeceram ao dono pelo atendimento e pela gentileza do mesmo e logo saíram para passear de carro pelas ruas de Porto Alegre sem rumo, quando se deram conta a tarde passou que foi um relâmpago.
As pessoas estavam saindo de seus serviços apressados, loucos para chegarem as suas casas, e reencontrar seus familiares.
Lauro não queria que aquele dia terminasse tão cedo, tamanho a felicidade que eles se encontravam.
- Ele olhou para seu filho e perguntou:
- Que horas são?
- São dezoito horas, trinta minutos e vinte segundos do dia vinte e seis de março de mil novecentos e noventa e dois.
- Nossa filho, eu nem tinha percebido, resmungou o seu pai!
- Pois é, vê de hoje em diante seja o pai que sempre vi em você, alegre, sempre sorrindo, não fique mais deprimido com o passado, a vida continua, e você esta parado no tempo, e no passado e esqueceu-se das coisas boas do presente.
Depois do puxão de orelha do filho, com toda razão Lauro lhe disse:
- Alexandre de hoje em diante vou voltar a viver, sair com meus amigos, pescar e jogar futebol e passear com você.
- É isto ai, te dou a maior força, respondeu o filho sorrindo-lhe.
De repente um ônibus freou a sua frente, por causa de um pedestre desatento, ele quase bateu com o carro na parte de traz do ônibus, bem em frente a uma floricultura, e o filho se lembrou:
- Amanhã é dia do aniversário da avó, já que estamos passando na frente desta floricultura, vamos comprar um buquê de rosas bem bonito para ela.
- Muito boa idéia filho, excelente sugestão!
Lauro estacionou o carro em frente da mesma, desceram e entraram na floricultura, e logo uma moça os atendeu:
- Pois não, que precisam?
- Queremos um buquê de rosas vermelhas bem bonitas o Alexandre lhe disse, enquanto seus olhos brilhavam de alegria, já olhando algumas flores lindas que estavam no balcão.
A moça pegou uma dúzia de rosas e fez um buquê lindo, pagaram, agradeceram e saíram, entraram no carro e estavam voltando para casa.
Em uma avenida larga na saída da Cidade, tinha um cruzamento de ruas, e o sinal fechou e de dentro de um carro bonito que acabara de estacionar no meio fio, uma moça loira, alta muito bonita saiu e trancou a porta, e queria passar em frente ao seu carro, e fez um sinal com a mão, para ele ficar atento para não atropelá-la, aquele gesto lhe chamou atenção, Lauro ficou olhando.
Quando de repente veio um pensamento rápido a sua cabeça, e disse:
- Filho me alcança o buquê rápido.
O Alexandre sem entender nada lhe alcançou, e ao passar à loira por perto da janela do carro, Lauro chamou à sua atenção, e ela olhou, e ele colocou um cartão com seu número de telefone, e lhe deu o buquê lindo de rosas, ela ficou parada sem entender aquele gesto, mas aceitou, agradeceu e saiu bem alegre com aquele agrado, admirando as suas rosas vermelhas.
Lauro retornou seu olhar para o filho, este lhe disse:
Sem entender nada exclamou, Pai!
- E minha avó, era para ela!
- Amanhã compramos outro igual.
- O Sr. Promete?
- Sim prometo.
E assim no dia seguinte bem cedo Lauro foi até uma floricultura de um amigo na sua cidade e mandou fazer um buquê mais lindo do que aquele que ele deu para a Loira do Carro bonito e passou ao seu filho para que o mesmo entregasse a sua Avó.
CAPITULO II
Passaram-se duas semanas do passeio a Porto Alegre, no Sábado à tarde, Lauro estava revisando umas peças na marcenaria, quando o telefone tocou, pensou que fosse seu filho, pois ele foi passar uns dias com a avó, Paterna, e ele tinha lhe dito para ligar de qualquer telefone publico a cobrar, porque a sua avó não possuía telefone.
Lauro largou o que estava fazendo e foi atender ao telefone, disse alô, ele ficou mudo por uns estantes, para sua surpresa não era seu filho, era a moça loira do carro bonito, quando ouviu aquela voz doce e meiga no telefone perguntando por ele, o seu coração quase saiu pela boca, de tanta alegria, jamais acreditou que um dia ela iria lhe ligar, achou que ela já teria o esquecido, mas ele estava ali falando com ela, pelo telefone.
Ela envolvida pela emoção do momento, contou-lhe que aquele seu gesto de lhe dar as rosas assim na rua de surpresa, o tinha deixado bastante impressionada e curiosa, de certa forma muito feliz, nunca alguém na sua vida, o tivera feito, pelo menos algo semelhante.
Bem entre algumas trocas de palavras e alguns sorrisos pelo telefone, Eles se conheceram um pouco.
Lauro pôr conta da alegria lhe fez uma pergunta, se ele poderia lhe conhecer melhor, se ambos poderiam se encontrar em algum lugar, onde eles poderiam ficar mais a vontade.
Ela lhe respondeu dizendo:
- Claro, eu também gostaria de te conhecer melhor, vai ser muito bom para nós.
Lauro tinha lhe contado em poucas palavras sobre a sua viuvez e a solidão à que estas condições lhe traíra, ela lhe disse que era muito sozinha também, retribuía isto ao seu trabalho, precisava de alguém, talvez um amigo para sair e conversar, trocar assunto, e assim marcaram seu primeiro encontro, na Segunda-feira pela manhã, porque domingo ela iria passear com seus pais na serra, pois tinha prometido para eles mostrar-lhes a belezas da serra Gaúcha.
Ela pediu para o Lauro encontrar ela no seu próprio serviço e passou o endereço. Ele anotou no primeiro papel que viu pela frente.
Lauro achou um pouco estranho, e lhe perguntou se não iria atrapalhar, e ela disse que não, para ela era melhor assim, ela tem muitos compromissos e não poderia se afastar da empresa, ele ficou um pouco sem entender nada, bem se não vou atrapalhar, eu vou então lhe respondeu.
“Um pouco da sua curiosidade o fez aceitar o convite”
Assim na Segunda-feira no horário combinado ele estava lá, ele tinha outros compromissos, mas nem falou para ela, deixou todos de lado, e foi ao encontro, agora já sabendo o seu nome, Vera Helena,
“Lauro gostaria de falar com o seu filho, lhe contar, mas ele não lhe ligou no fim de semana, sem poder falar para ninguém para dividir um pouco a sua ansiedade, só seu filho sabia da loira”.
Ele levantou-se bem cedo fez a barba tomou uma bela ducha, de uma hora, saiu do banho, nem parecia a mesmo Lauro, estava bem perfumado, bem vestido, tinha colocado uma camisa de seda azul, porque ele tinha colocado na sua cabeça que a seda deixa as pessoas mais elegantes, com mais brilho, e ele estava precisando de algo assim.
Quando chegou ao lugar combinado, constatou que o lugar era uma oficina autorizada, uma concessionária da Volkswagen,
Estacionou o carro na mesma rua perto da empresa, e ficou sentado por uns dez minutos, dentro do carro, pensando consigo mesmo.
Entro ou não entro?
Ele estava feliz com o encontro, mas no mesmo tempo estava apreensivo e nervoso,
Os carros passavam por ele apressados, ele olhava que alguns passavam e outros entravam na concessionária.
Olhou no relógio do carro, este marcava dez e meia da manhã, ele pensou eu não tenho nada a perder, no mínimo posso ganhar uma amizade.
Respirou fundo e tomou coragem e entrou na empresa, Foi logo na recepção, uma moça muito bonita e educada o atendeu, e perguntou-lhe, o que gostaria, ele falou, com há voz um pouco tremula pelo nervosismo.
- Eu gostaria de falar com a Srta. Vera Helena.
- Seu nome, por favor?
- Lauro.
- Obrigado sim.
A recepcionista fez uma ligação interna, anotou alguma coisa na agenda, creio que foi um pedido de Srta. Vera Helena, logo em seguida o chamou:
- Sr. Lauro Por favor, me acompanhe a Srta. Vera Helena lhe espera.
Naquele momento, ele sentiu um aperto no coração, a sua adrenalina foi a mil, até a pressão subiu, mas quase sem acreditar naquilo tudo, acompanhou a moça recepcionista, ela o levou por um corredor, cheio de salas por todos os lados, com pessoas trabalhando, em seus computadores, ao passar em frente elas, sempre dirigiam olhares e o cumprimentavam como se ele fizesse parte do grupo de funcionários da empresa.
Lauro gentilmente retribuía os cumprimentos, e ficava pensando, talvez ela seja funcionária também, e olhava as salas e ficava imaginando, qual era a sala dela e chegando a frente de uma no fundo do corredor, com uma porta bem grande, com um adorno de rosas vermelhas. A recepcionista deu uma batidinha e abriu e o anunciou:
- Srta. Vera Helena, o Sr. Lauro.
- Obrigada, pôr favor mande o entrar.
Ele entrou em sua sala, e ela veio ao seu encontro, cumprimentaram-se, com suaves beijos no rosto com muito carinho.
No breve instante que Lauro estava dentro da sala, com um olhar discreto, notou que tinha um conjunto de sofás bem grandes e luxuosos, daqueles que só se vê em casa de ricos, e um barzinho no canto da sala.
- Por favor, sente-se!
Ele aguardou que ela senta-se primeira e aí ele se sentou ao seu lado, e ela lhe perguntou:
- Lauro você bebes alguma coisa, uísque, suco, café, o que queiras?
E ele um pouco nervoso lhe pediu:
- Um copo de água, por favor.
A sua garganta estava seca, e ela gentilmente foi ate o bar, apanhou um copo e serviu para ele a água sem gás, a para sua surpresa preparou um uísque duplo para ela, e aí ele percebeu que ela estava tão nervosa quanto ele, o alcançou a água, e antes que ele dissesse obrigado, ela tomou aquela dose de uísque num gole só, e lhe pediu desculpas pelo ocorrido, ele percebendo isto, já bem mais tranqüilo e para quebrar o gelo.
Lauro puxou logo um assunto para relaxar um pouco. Ela mais calma com o nervosismo controlado, passou a lhe dizer:
- Lauro eu me senti a mulher mais feliz do mundo pelo seu gesto tão espontâneo e carinhoso, obrigada.
- Diante de uma mulher tão linda eu não poderia ser diferente, aquelas rosa eram suas.
- Gostei tanto que até enfeitei a porta de minha sala de rosas vermelhas artificiais, conforme você viu ao entrar aqui, Você me fez tão bem que a imagem do teu rosto e os brilhos dos teus lindos olhos não saiu mais dos meus pensamentos, foi um momento muito especial, eu diria mais, muito mágico, sua atitude.
- Lauro daquele momento em diante você passou a fazer parte de meu mundo, nos momento de reflexão penso e sonho contigo e aqui no trabalho eu fiquei mais dócil com os colegas, fiquei mais
participativa, amiga de todos, mais humana, enfim em outras palavras, você mudou a minha forma de pensar e de ver a vida. Eu senti um amor a primeira vista.
“Lauro confessa consigo mesmo, que ficou um pouco assustado, ele sempre achou que isto fosse coisa de cinema, jamais pensou que isto iria acontecer consigo, ele passou a entender o porquê da dose dupla de uísque e num gole só, era para ela ter coragem de lhe falar tudo, sem nó na língua”.
”Lauro lá no fundo de seus pensamentos, passou a entender e analisar o porquê da atitude dos funcionários, que lhe cumprimentavam com um aceno de mão no corredor que se dirigia para sua sala, bem alegres”, (imaginava como ela era antes disto.)
Lauro olhava e escutava Vera Helena com muita atenção e curiosidade.
Ela abriu de uma forma clara e objetiva, todos seus sentimentos, colocou tudo para fora, era um desabafo de seu coração,
Ele ao olhar seu rosto, notava nos brilhos de seus olhos, seu entusiasmo e a felicidade, que ela se encontrava.
Lauro mergulhava em seus pensamentos!
"Nós somos praticamente estranhos um para o outro a imagem que tínhamos um do outro era aquela do cruzamento da avenida, como poderia ela ter tamanho sentimento por ele, confessa que ficou comovido pela surpresa, e mais surpreso ainda ficou ao saber que ela não era uma simples funcionária e sim a proprietário da concessionária, como pode ela sendo tão rica, ter tamanha reação a um gesto tão simples.”
Conversaram mais sobre eles, Lauro contou algumas passagens de sua vida, ela mais a vontade também narrou um pouco mais da sua, ele salientou que estava muito feliz por estar ali com ela, por deixá-la assim tão feliz,enfim em numera coisas se falaram, deixando muitas vezes a magia do momento falar mais alto.
A hora foi se passando, e eles não perceberam que já era quase meio dia, ela tinha uma reunião com os fornecedores de peças, e a recepcionista tinha lhe avisado pelo telefone para não perder a hora.
Vera Helena lhe disse será que poderemos ter outra chance de nos encontrar de novo?
- E se em outro lugar teria chance de conquistar o seu coração?
- Sim, com certeza, Vera Helena haverá outras oportunidades de nos encontrar, isto só depende de você.
Ao lhe dizer estas palavras, ele percebeu a felicidade em seus olhos, ele beijou suavemente suas bochechas ao se despedir-se, ela educadamente abriu a porta, ele ainda pode ver mais uma vez seus olhos lindos antes que a mesma fecha-se atrás de si, foi saindo pelo corredor, olhou para trás, parou e ficou olhando as rosas vermelhas na porta de sua sala.
“Pensou nas palavras que sua avó tinha lhe dito uma vez, que as rosas têm o poder de magia, que a mulher ao recebê-las por mais triste que esteja, abre seu coração e sua alma fica pura, e a felicidade volta, analisando estas palavras, no fundo minha avó tinha razão, a felicidade de Vera Helena lhe confirmaram isto”
Lauro assim que foi saindo pelo corredor, àquelas mesmas pessoas que lhe cumprimentaram na chegada, com a mesma alegria se despediram dele ao sair até a recepção. Lauro disse: até logo e obrigado para a moça recepcionista que foi muito atenciosa na sua presença a empresa.
Ele foi caminhando lentamente até onde estava estacionado o seu carro, abriu a porta e entrou, ficou sentado no volante, pensando e refletindo um pouco, sobre o que Vera Helena tinha lhe dito, sobre sua declaração de amor.
“Há dias atrás ele estava deprimido e solitário, pela sua viuvez, e agora esta ali pensando e questionando sobre um amor de outra mulher”.
“Essa vida não para mesmo, nossas mentes ou nossos corpos podem até pararem, mas a vida continua sempre, se perdermos o ritmo, ela nos deixa para traz, plantados em nossas angústias e na solidão, o meu filho Alexandre é que tinha razão ao me alertar que a vida continua”
Depois de uma boa conversa consigo mesmo, Lauro ligou o motor do carro e saiu, mas quase sem rumo, apenas para sair dali da frente da empresa de Vera Helena.
Sua felicidade era muita, que até tinha medo de pensar, se beliscou para ter a certeza que não era um sonho.
Ele aproveitou sua ida a Porto Alegre, e comprou alguns materiais para sua marcenaria, e depois retornou para sua cidade, mais precisamente para sua rotina do dia a dia.
CAPITULO III
Os dias foram passando, Lauro e Vera Helena continuaram mantendo contato por telefone todos os dias, e estavam namorando como dois adolescentes, como se fosse à primeira paixão.
Passado duas semana e meia, o filho de Lauro retornou do passeio da casa da avó, os professores iriam recomeçar as aulas, pois estavam em greve à mais de um mês para melhoria de salários.
E logo na primeira oportunidade ele contou o acontecido a seu filho, a sua ansiedade não poderia esperar mais, teria que contar para alguém sobre o seu namoro com a Vera Helena, e contou detalhe por detalhe, e o filho vendo sua felicidade e alegria lhe disse:
- Pai vai devagar com as coisas, não quero ver-lhe sofrendo novamente.
Claro que ele tinha razão, pois a paixão modifica as pessoas e deixa os seres humanos bobos e malucos, mas com um sabor especial, só aqueles que se apaixonam sabe o que é esta loucura.
Vendo a preocupação do filho, Lauro disse: Não te preocupa filho estou com os pés no chão e ainda com a cabeça no lugar!
- Pois é pai espero que ela continua-se assim.
Em um tom de brincadeira, mas um pouco serio Lauro lhe disse, filho.
- Quando chegar a tua vez de viver uma grande paixão verá como é fácil lidar com ela e vais tirar de letra.
Ele olhou seu pai com um ar de muitas perguntas e duvidas e disse:
- Tu não és mais criança, te cuida.
Foi só o que pode lhe dizer e depois saiu para jogar bola com os amiguinhos, que estavam lhe esperando ansiosos.
Os dias foram se passando e Lauro tinha acabado de terminar um berço duplo, pedido de um casal amigo, que Deus tinha lhes presenteado com um casal de gêmeos, era um pedido especial, por isto fez com muito carinho.
Olhou para um calendário que estava pregado na parede de sua marcenaria.
Já era inicio de outubro, se aproximava do fim de semana, pensou em convidar a Vera Helena para subir a serra, para tomar um café colonial gostoso, e na volta trazer um garrafão do gostoso vinho suave colonial, que só se encontra na região, porque dia 22 de Outubro, era aniversário de seu filho Alexandre e gostaria de comemorar junto com os amigos e parentes esta data tão especial na vida de ambos, tomando este exemplar divino, feito pôr um dos melhores vinhedos da serra Gaúcha, família Pertelongo.
“Sim porque todos os adultos eram alérgicos a refrigerante,” “refrigerantes só para as crianças, dizia seu tio mais velho”
Enquanto Lauro estava mergulhado em seus pensamentos, planejando o que faria e organizando a viagem, os dias se passavam e já era Sábado, ele acordou bem sedo, olhou pela janela, o sol estava lindo, radiante, maravilhoso, tomou um banho, se perfumou e ligou para a Vera Helena, para avisá-la que estava saindo para pega-la.
Depois de meia hora já estava em frente a sua casa, tocou a companhia, a empregada abriu a porta disse para ele entrar e aguardar na sala de espera, que a Srta. Vera Helena já iria descer de seu quarto.
Passados alguns breves minutos, ela desceu, parecia uma princesa de tão linda, num vestido preto com um decote de arrepiar quaisquer pensamentos, cumprimentaram-se com beijos ardentes, com muita saudade um do outro e logo em seguida saíram para o passeio na serra gaúcha.
Eles entraram no carro, Vera Helena perguntou e seu filho não quis passear conosco?
Lauro lhe respondeu:
- Pois o filho não quis vir junto conosco, me disse que já teria outro compromisso, talvez só dissesse isto para não nos atrapalhar no nosso namoro, pois esta é a primeira vez que saiamos a sós.
Lauro e Vera Helena na serra pararam em uma cantina colonial bem no centro de Bento Gonçalves, perto da Igreja Matriz.
Tomaram um gostoso café colonial, e não almoçaram eles estavam satisfeito só com aquele café maravilhoso.
Após o café eles saíram a passear pela cidade, a Vera Helena olhou para ele e lhe disse:
- Agora é a minha vez de fazer uma surpresa!
Ele olhou para ela e perguntou:
- O que é?
Mas ela não quis lhe dizer, só restou a Lauro controlar a sua curiosidade e esperar, e ela o levou a um Motel. Entraram e ela lhe disse:
- Há muito tempo estou a fim de ter este momento com você.
O clima da serra realmente mexe com a gente, então porque não aproveitar.
“” A última relação sexual de Lauro foi com sua querida esposa Ana Elisa que faleceu, desde então não tivera relação com ninguém e para sua desilusão na hora “H” falhou, não por falta de carinho, isto ela dava de sobra, foi por ele mesmo, pois lhe deu uma dor do lado das virilhas e os seus órgãos sexuais se retraíram e não houve jeito que fizesse voltar ao normal, resumo da história, sua primeira vez foi um fracasso total, Lauro ficou envergonhado com a situação.
“Ele argumentava com a Vera Helena sobre isto, mas com muito cuidado para não magoá-la, dizendo-lhe que ele era assim mesmo, só conseguiria ter relação com uma mulher, depois de muita intimidade, este seu problema tem que ser trabalhado com muito carinho, Se a mulher tiver paciência e compreensão será recompensada, até mesmo pela exclusividade, eu não consigo trair minha companheira, depois destas palavras ele sentia a ansiedade de Vera helena indo embora, ambos ficaram mais tranqüilos sobre o ocorrido”. Lauro pediu desculpa a Vera helena.
Ela mediante a situação se sentiu um pouco culpada por forçar a barra, lhe disse: Eu que te devo desculpas pelo meu desejo, por não saber me controlar.
Lauro já com a situação sobre controle e ambos rindo descontraídos encerraram o assunto, nestas últimas palavras, reforçando, dizendo que ele é que tinha que lhe pedir desculpas por ser assim.
Vera Helena ligou o rádio em uma estação FM que estava na cabeceira da cama, enquanto escutavam musicas, eles conversaram bastante, sobre eles e os seus planos para o futuro, até mesmo para relaxarem um pouco, pois estavam muitos tensos com o que se tinha passado.
Depois do Motel, foram a Igreja Matriz rezarem um pouco, não poderiam ir embora sem passar na Igreja, até mesmo por sua beleza, e na Igreja ela estava com ar de lhe dizer algo, que ela não lhe disse na conversa no motel, ele percebendo lhe perguntou:
- Tem algo a me dizer Vera Helena, o que se trata?
- Nada, outro dia te falarei, até mesma mais tranqüila, mas não te preocupe que é coisa boa, para o nosso futuro.
“Sabe como é cabeça de homem, ele já pensou que o caso do motel lhe mexeu com a cabeça”, mas ela lhe disse que isto não era, resta é esperar para saber o que se tratava.
Eles retornando da viagem a serra, ao chegarem a casa dela, seu pai estava saindo, os cumprimentou e perguntou para Vera:
- Resolveu o nosso assunto?
- Não pai, mas até o fim de semana lhe darei uma posição concreta sobre o mesmo.
- Esta bem filha eu espero. Tchau para vocês.
Lauro aproveitou a oportunidade se despediu de Vera Helena e foi embora também, cheio de duvidas na cabeça, mas marcou para Quinta feira seguinte, sobre aquela conversa sobre o assunto misterioso que ela teria ele.
Durante a semana a sua curiosidade era muito grande, Lauro lhe perguntava por telefone, mas ela não adiantava nada sobre o assunto e assim foi até a Quinta-feira.
Chegado o dia Lauro convidou seu filho para irem junto ao encontro com a Vera Helena, pois ele não teria aula.
Lauro estacionou o carro na esquina em frente a um barzinho, e seu filho não quis acompanhá-lo ate a Vera Helena, achou melhor ficar escutando som dentro do carro, ele deu dinheiro para o mesmo, comprar algo caso precisa-se, e foi falar com Vera Helena.
Chegando à concessionária cumprimentou a recepcionista, e ela automaticamente avisou a Vera Helena de sua chegada, e disse a ele.
- Por favor, pode passar Sr. Lauro Já conheces o caminho?
- Sim obrigado.
- Ela lhe espera.
Ao entra na sala ele olhou as rosas na porta bem cuidadas, se cumprimentaram com um beijo e ela lhe disse:
- Sente-se, por favor, meu amor, a nossa conversa vai ser longa e delicada. Deseja algo para beber?
- Depois, talvez uma água, me fale do que se trata, eu sou todos ouvidos, Lauro disse a ela.
Ela deu um suspiro fundo, e começou a falar:
- Eu quis amor lhe falar aqui, porque aqui foi nosso primeiro encontro, e dependendo da conversa, será nosso último encontro, por isto te falei que a conversa era muito delicada, e gostaria de tua compreensão, para não ser nosso último encontro.
Cada vez mais ia aumentando a curiosidade de Lauro.
- Então fala Vera Helena que só assim vou poder escutá-la e analisar a situação.
- Lauro meu amor eu estou te amando, estou verdadeiramente apaixonada por você, tu hoje é minha luz, minha energia de viver, a força de lutar por algo melhor nesta vida e eu quero que a nossa relação fique mais sólida, tenho que cuidar das corretoras do Papai em São Paulo e não quero e nem gostaria de ficar longe de você, eu gostaria de casar contigo e morarmos juntos em São Paulo.
“Lauro ficou no momento parado sem dizer nada, levantou-se e foi pegar uma água, tomou bem lentamente para se recuperar do susto, não era o que ele queria no momento”.
Lauro tinha outros planos para seu futuro, e acabou ficando numa situação difícil, embora ela fosse uma mulher muito bonita, carinhosa, muito compreensiva com ele, tinha algo que ele se segurava em relação aos seus sentimentos para com ela, não conseguia amá-la, só gostava muito dela.
Isto não era um motivo forte para aceitar o pedido de casamento, talvez pela postura dela na empresa na qual ela era responsável ou na sua maneira de ver a vida, muito autoritária, ou como tudo aconteceu muito rápido, ou talvez sua maneira de ser direta, bem objetiva em sua vida.
Lauro confessa isto lhe assustou muito, por ser do signo de leão ele é muito sensível, sua companheira tem que perceber isto, e se não souber lidar com este lado, ele vai embora para sempre.
“O medo disto tudo fez com que ele não o ama-se, como ela lhe diz amar, talvez se ela fosse mais devagar o quadro seria outro”.
E tinha outro motivo muito forte para não aceitar, e era a separação de seu filho, depois de tomar a água, mais calmo, ele começou a falar:
- Vera Helena, se nos casar e morarmos em São Paulo , e como fica a situação de meu filho Alexandre?
- Tu sabes somos muito apegados, e eu não o deixaria neste momento.
- Meu amor, nós vamos primeiro, nos casamos numa cerimônia discreta, só para amigos e depois de um ano, ou até mesmo antes eu te prometo, buscamos ele para morar conosco.
- Não Vera Helena, eu não posso ficar longe de meu filho, ele ainda não superou a perda da mãe, fica muito difícil para eu aceitar o teu pedido.
- Mas logo ele se acostuma.
Ela insistia no assunto:
- Vamos nos casar depois te prometo resolverei esta questão, eu só tenho esta semana em Porto Alegre , e não gostaria de te deixar.
Mas aquilo tudo assustou Lauro, a maneira de ela resolver as coisas muito rápidas, e ele não é assim pensa sempre um pouco mais, ele pensou e refletiu um pouco, e lhe disse:
- Vera Helena, eu não vou e não posso me casar com você, pois eu não te amo o suficiente para aceitar um compromisso deste tamanho com você, eu acho melhor nós acabarmos nosso namoro por aqui antes que possamos sofrer ainda mais, e tem outro problema amo demais a meu filho e ele precisa de mim aqui, segue o teu caminho e eu sigo o meu.
- Mas meu amor, eu te amo de paixão, preciso de você perto de mim, eu não seria ninguém sem você e depois eu te dou tanto amor e carinho que tu vai acabar me amando muito como eu te amo, eu te prometo te fazer muito feliz.
E ele ali no meio de tanta proposta, sabendo que isto era verdade, ela conseguiria mesmo com o tempo que ele a amasse, pois era uma mulher maravilhosa, estava quase aceitando, mas a vontade de ficar com seu filho, era mais forte, lhe disse:
- Não Vera Helena, eu não posso ir, se o meu filho pudesse ir junto conosco, ainda dava para entrar nesta viagem com você, mas sem ele nada feito, não posso ir, sinto muito me desculpa.
Dito isto eles acabaram ali a conversa, ele despediu-se dela com muita tristeza, ela ficou muito arrasada porque eles terminaram o namoro, ela tinha a esperança que ele aceitasse a proposta e tivesse um final feliz...
Mas o seu filho era mais importante naquele momento para Lauro, ao sair na porta de sua sala Lauro beijou as rosas porque sabia que ali não mais voltaria, foi embora com o coração na mão, pois estava gostando muito dela, saiu caminhando pela rua até na esquina, onde ele tinha estacionado o carro, e o seu filho tinha ficado escutando musica, naquele momento era o que Lauro gostaria de fazer, ou seja, igual a seu filho, ficar no silencio bem quietinho com seus pensamentos escutando músicas.
Lauro ao entrar no carro, seu filho percebendo algo errado, logo me perguntou,
- O que se passou pai?
- O pai terminou o namoro com a Vera Helena.
- Mas que pena, vocês estavam tão bem.
- Pois é filho não deu mais certo.
Lauro não entrou em detalhes para não explicar os motivos para seu filho. Ligou o carro e seguiu pela rua, sem rumo certo, pois já era noite e por sinal, esta estava muito linda bem estrelada e com uma brisa muito agradável.
Ao passar por perto da rodoviária, Lauro disse ao filho:
- O pai vai ficar aqui na Estação Rodoviária um pouco, para arejar a cabeça, filho depois do nosso lanche, toma um táxi e vai embora para casa, e não te preocupa comigo, eu estou bem, só preciso de um pouco de ar puro, fazer algo diferente, sei lá tomar uma cerveja sossegado, depois pego o carro e vou embora...
O filho vendo que ele precisava mesmo daquilo lhe disse:
- Te cuida, se tu quiseres posso te esperar.
- Não, filho vai para casa, não se preocupe.
E assim ele se foi, Lauro ficou ali na estação, estacionou seu carro no largo da rodoviária, saiu caminhando, entrou num bar e pediu logo uma cerveja bem gelada para a garçonete.
Enquanto tomava aquela cerveja bem gelada ele observava as pessoas na Estação rodoviária, umas chegando, outras saindo de viagem, mas Vera Helena tomava conta de sua mente por inteiro.
A garçonete vendo que Lauro estava pensativo com uma cara de triste tratou de se aproximar e puxar um assunto, dizendo o que um moço bonito como você faz com esta tristeza toda, levanta a cabeça, se é esposa, namorada ou trabalho, nada vale esta tristeza.
Ele olhou para a Garçonete lhe disse, nossa meu Anjo, estou numa sinuca danada, não sei se fiz a coisa certa, depois que fiz fiquei em Dúvida, mas depois que tomei esta tal de decisão fiquei com uma sensação de alivio, deve ser coisa boa, este mundo dos amores é imprevisível, tem cada encruzilhada em nossa estrada que não é fácil, dito isto ele deu uma risada, ela pensou que fosse pela sua abordada, não, foi por outro fato que lhe chamou atenção.
Um carregador de malas na pressa de executar o seu serviço atropelou uma pessoa, mas em vez de ajudar esta pessoa, ele em tom áspero disse a pessoa atropelada.
- Não enxerga, não vê que estou passando com o carrinho.
A pessoa atropelada muito humilde lhe respondeu.
- Mas é o Sr. que tem que prestar mais atenção, não percebeu que sou cego, parece que o cego aqui é o Sr., que não me viu e me atropelou.
O carregador de malas mediante a situação ficou com vergonha e juntou suas malas e se foi, sem se quer pedir desculpas para o Sr. Cego.
De certa forma eles fizeram Lauro esquecer um pouco a Vera Helena por um instante.
Ele acabou de tomar sua cerveja, agradeceu a garçonete pelo carinho e foi para um lugar mais localizado onde poderia visualizar melhor o movimento da Rodoviária, mais precisamente na parte de cima do setor internacional da estação, onde ele tinha uma visão muito ampla de quase toda a estação, e de lá ele começava a analisar as pessoas que passavam no piso inferior, era ônibus que saia, outros que chegavam lotados de pessoas bem alegres e ao descerem dos mesmos eram recebidos pelos familiares que os esperavam, e os abraçavam felizes.
Ele passou a olhar um senhor já com uma idade, acredita perto dos 75 anos, bem lúcido, alegre, ao vê-lo pensou, sabe lá quantas vezes aquele senhor passou por uma situação igual a sua, e esta aí tranqüila, viajando feliz.
Pensando em tudo e vendo o cotidiano da estação rodoviária conseguiu desviar os seus pensamentos do problema que estava vivendo no momento.
O ar da estação, misturado à brisa da noite lhe fazia muito bem, pois ele sempre gostou de aventuras, de coisas novas, mas com os dois pés no chão, e a sua imaginação viajava junto com aquelas pessoas, Lauro estava a poucos passos de um futuro alucinante fantástico, muito louco, que nem ele, e ninguém mais sabia, a vida é sempre uma caixinha de surpresa, à cada esquina da linha da vida, tem algo novo escondido esperando sua vítima..
CAPITULO IV